Comunicação Excludente

NOTA: Fiz esse texto como uma atividade para a aula de Comunicação e Expressão, mas um dia desses, mexendo aleatoriamente no Instagram, vi um reels que mostrava varias humilhações que Juliette, participante do BBB 21, sofreu durante o programa e isso me deu vontade de postar algo assim sobre o tema, então estudei e modifiquei o texto um pouco para abranger mais o assunto, mas ainda falta alguma coisa, então posso tirar pra editar futuramente.

Primeiramente, a norma culta sempre foi elitista. A noção que temos de certo e errado da língua nasce com a gramatica e quando pensamos a língua a partir da escrita, e não da fala, está se tomando uma decisão social e política, que é invés de pensar a língua como um organismo vivo e dinâmico, é se ater a ela apenas como um aspecto de registro escrito, e se sabendo que a gramatica foi inventada a mais de dois mil anos e que somente pequena parte de sociedade, a dominante, tinha tal conhecimento se percebe que é um invenção de classe que ainda hoje persiste, em certos aspectos, mesmo com a ampla meta de alfabetização que vem do começou no século XX, e visto que ainda assim a maioria da população não tem acesso a tal norma, ou tem de forma deficitária, é comum que se tenha pessoas que tomem a atitude da “carteirada” com essas pessoas no intuito de serem superiores, não de forma afetuosa e auxilio, basicamente quem faz isso tem uma perspectiva tão fechada que ela precisa minimizar a forma de expressão da outra pessoa pra caber na sua perspectiva ignorando tudo o que a outra pessoa tem de bagagem.

Logicamente não estou falando de erros ortográficos ou de fala, mas sim da variação linguística e preconceitos que atrelam a ela. A língua, não só no Brasil, mas em qualquer lugar, se moldou na cultura e nas necessidades que mais estavam presentes naquela região; então essa adaptabilidade gerou mudanças em cada região, e dentro das próprias regiões há a variações dependendo de onde e quem fala, e desconsiderar toda a questão social quando se trata desse assunto é agir de uma forma canalha, vil, infame. O que não é tão incomum na sociedade Brasileira. Inclusive, na literatura, o recurso de errar a grafia é usado para justamente muitas das vezes para a descrição de personagens populares, inclusive Ariano Suassuna, em uma pequena entrevista fala muito sobre isso, ele diz “[...] uma coisa que a mim me incomoda muito como escritor é porque normalmente as pessoas não distinguem a linguagem escrita da linguagem falada. A linguagem escrita é uma convenção, e as vezes pra mim e até um preconceito, veja bem, tem gente por aí que pensa diferente, mas eu acho que existe até um preconceito contra o povo; quando o pessoal vai apresentar um personagem popular, faz questão de errar a grafia, dos nomes. Olhe, a grafia é uma convenção, está entendendo? ninguém fala de acordo com a grafia. Veja, por exemplo, eu sou nordestino, como você, eu não digo “cruz”, eu digo “cruiz”, eu não digo “luz”, eu digo “luiz”. [...] Pois bem, se a pessoa me faz personagem pra uma peça ou dum conto ou dum romance, eu digo “nóis”, eu não digo “nós”, não, eu digo “cadera”, eu não digo “cadeira”, mas se me botam como personagem escrevem “cadeira” e escrevem “nós” n, o, s. Agora, se o pessoal do povo, faz questão de botar “nóis”, “nóis vai, num sei quê; eu acho que isso uma falta de respeito com o povo, está entendendo? Eu não gosto de quem escreve o português deturpado pra representar o português popular, você veja, o Auto da Compadecida, você já ouviu o Auto da Compadecida? Já ouviu? – Entrevistadora – Já li, né? – Ariano Suassuna – Já leu, inclusive. Você pode procurar, não tem um erro de português ali, tá certo? Eu procuro atingir o espírito da linguagem popular e não a letra, porque a letra se eu for fazer é uma falsificação; primeiro porque eu não falo daquele jeito, segundo porque aquilo não é jeito de ninguém representar o português popular. Cervantes dizia… Cervantes que não era nem brasileiro nem português, ele dizia: o português é a língua mais sonora e musical do mundo. Então a gente tem o dever de respeitar essa língua e procurar nela, fazer dela uma fonte de beleza. É isso que eu acho sobre a língua.”

Agora indo para o campo social o estado de São Paulo é o principal destino de migrantes vindos da região Nordeste, 5,6 milhões em 2015, 12,66% da população do estado, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE. Não sendo incomum sua presença na capital Paulista, o que deveria ser incomum é o preconceito paulistano contra os nordestinos. Então imaginemos um exemplo: um nordestino chega a São Paulo em busca de oportunidades. Ele consegue um trabalho de auxiliar administrativo em uma empresa de assuntos jurídicos. No entanto, além de alguns vocábulos usados pelos paulistas, ele também tem dificuldade em entender as conversas dos advogados devido aos jargões profissionais utilizados. Além disso, ele percebe que alguns funcionários o olham de forma diferente, zombando por ele ser nordestino. Como esse homem deve agir tanto em relação as suas dificuldades quanto ao preconceito linguístico que está sofrendo no seu ambiente de trabalho? Bem, o preconceito linguístico pode se encaixar como discriminação e é obvio que deve ser combatido de todas as formas possíveis, mesmo que o ambiente colabore com isso, seja em contato direto com os superiores e principalmente com quem comete essa injustiça, o que interessa é não se calar durante algo assim, mas no final não importa se uma pessoa fala “mesmo” ou “memo”, partindo do ponto que você intendeu e que pode continuar a conversa já esta perfeito, agora se você sente a necessidade de indicar aquilo para marcar que a pessoa não obedece uma determinada norma culta, talvez o problema seja em você e não com quem você está falando.